sexta-feira, 21 de junho de 2013

Como funciona o organismo dos jogadores de futebol?




Percorrer um campo de futebol dominando uma bola com os pés para lançá-la no interior de um espaço de aproximadamente 18 metros quadrados pode parecer uma tarefa fácil. Mas quando se trata de uma única bola a ser disputada por duas equipas, cada qual com 10 jogadores mais um guarda-redes a defender o espaço de entrada da bola do seu campo, durante dois tempos de 45 minutos, a dificuldade fica evidente. Não é pequeno o esforço exigido do organismo dos participantes do jogo, por isso é preciso preparo físico constante. Entender o que acontece no corpo dos futebolistas é alvo da biofísica e da bioquímica e pode auxiliar o trabalho de preparação dos atletas em busca do melhor desempenho.


O professor Edson Itaru Kaminagakura, coordenador do Laboratório de Avaliação Física, Saúde e Desporto (Lafise) da Universidade Estadual de Ponta Grossa (PR) explica que, num jogo de futebol, cada jogador realiza uma função tática própria (de acordo com sua posição no jogo guarda-redes, defesas, meio-campistas e atacantes), que se associam a determinada solicitação metabólica e à adaptação diferenciada do organismo para realizar os processos de produção de energia. Segundo o professor, uma das mais importantes características a serem analisadas no estudo da fisiologia do exercício é a análise do consumo máximo de oxigênio (VO2max) e do limiar anaeróbio.
O consumo máximo de oxigênio determina a capacidade aeróbia do jogador, isto é, sua capacidade de absorver, transportar e utilizar o oxigênio do ar usado nas reações bioquímicas necessárias para gerar a energia requerida durante a atividade física. “Essa capacidade corresponde a uma via metabólica específica e esses mecanismos se tornam mais eficientes quando se praticam atividades de baixa intensidade e longa duração”, explica o professor Edson. Já a capacidade anaeróbia corresponde a mecanismos que se tornam mais eficientes quando se praticam atividades de alta intensidade e curta duração. Segundo Edson, “o treino de resistência anaeróbia exige a produção de força quase máxima em trabalho de curta duração, suprida pelo sistema ATP-CP (trifosfato de adenosina - fosfocreatina) e pela degradação anaeróbia do glicogênio muscular”.
Álvaro Reischak de Oliveira, professor associado da Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenador do Grupo de Estudos em Fisiologia e Bioquímica do Exercício (Gefex), diz que o futebolista utiliza muito mais a respiração anaeróbia que a aeróbia durante as partidas, uma vez que percorre várias (cerca de 60 ou 70) vezes pequenas distâncias em alta velocidade, seguidas de descanso. “Nos noventa minutos de partida, o jogador percorre em média dez, doze quilômetros, o que o identifica muito mais com um velocista do que com um maratonista”, explica Álvaro.
Para medir o consumo máximo de oxigênio, os jogadores passam por testes que consistem geralmente em uma sessão de exercício contínuo e progressivo em esteira ergométrica até a exaustão do atleta. A maioria dos protocolos de avaliação fornece dados como a dosagem do oxigênio (O2) e do gás carbônico (CO2) do ar expirado, o volume de ar expirado, a razão de trocas respiratórias e ventilação pulmonar, além de muitos outros parâmetros importantes para o planejamento do treinamento. No que se refere aos testes do limiar anaeróbio, são realizadas colheitas de sangue para análise dos níveis de lactato, logo após o jogador submeter-se a testes de velocidade em que devem dar “sprints” em velocidade máxima de 90 a 95% de um valor previamente determinado.

Exigências do jogo

Durante um jogo de futebol, as ações que o corpo realiza modificam o metabolismo e acionam uma série de órgãos e sistemas, com destaque para os sistemas cardiorrespiratório e endócrino, e para os músculos inferiores. Com relação aos músculos mais solicitados no jogo, o especialista em fisiologia do exercício, professor Giovani Cunha, do Laboratório de Pesquisa do Exercício (Lapex) da UFRGS, destaca os músculos da coxa e perna, dentre os quais o quadríceps (vasto lateral, vasto medial, reto femoral, vasto intermédio), os flexores do joelho (semitendinoso, semimembranoso e bíceps femoral) e, na perna, o gastrocnêmico, o sóleo e o tibial anterior.
Edson Kaminagakura, da UEPF, ressalta que os hormônios influenciam praticamente todas as funções dos demais sistemas corporais. “Frequentemente, o sistema endócrino interage com o sistema nervoso, formando mecanismos reguladores bastante precisos. O sistema nervoso pode fornecer ao endócrino a informação sobre o meio externo, ao passo que o sistema endócrino regula a resposta interna do organismo a essa informação. Dessa forma, o sistema endócrino, juntamente com o sistema nervoso, atua na coordenação e regulação das funções corporais”, esclarece Edson.
Os principais hormônios que sofrem alterações em resposta ao exercício são: adrenalina, glucagon, GH (somatotrofina, ou hormônio do crescimento), ACTH (adrenocorticotrófico), cortisol e endorfina, vasopressina, aldosterona - que aumentam - e insulina - que diminui (ver quadro 1). A magnitude do incremento ou redução desses hormônios dependerá da intensidade do jogo e dos níveis de stress do jogador, explica Giovani. As diferenças de níveis hormonais entre homens e mulheres variam também por causa das oscilações ligadas ao ciclo menstrual feminino. Todavia é possível estabelecer parâmetros diferenciadores entre os gêneros quanto aos batimentos cardíacos e ao consumo máximo de oxigênio (ver infográfico).


Recomendações aos futebolistas

Além dos treinos e da recuperação, uma alimentação adequada é fundamental à saúde e ao rendimento desportivo, pois reduz a propensão a doenças e o cansaço, aumenta o tempo de atividade do atleta, recupera os músculos depois do treino e melhora a saúde geral. A carência de alguns nutrientes pode acarretar diversos problemas físicos. Em geral, as necessidades nutricionais diárias podem ser atendidas por meio da alimentação (ver box 2), mas muitos atletas não conseguem ingerir as quantidades recomendadas de todos os nutrientes. Segundo Álvaro Oliveira, da UFRGS, talvez pelo fato de o futebol ser um desporto mais popular e que reúne atletas das mais diversas origens e hábitos culturais, a disciplina alimentar nos jogadores de futebol pode ser bem menos rígida do que em atletas de competição de outras modalidades.
Edson Kaminagakura, da UEPG, lembra que os futebolistas devem seguir recomendações nutricionais antes, durante e depois dos jogos, a fim de garantir seu melhor desempenho. As grandes refeições (almoço e jantar) devem ser realizadas até quatro horas antes do treino, para que haja tempo para se completar o processo de digestão. “Sua composição deve privilegiar carbohidratos (arroz, macarrão, aipim, batata, farinhas, legumes etc), ter pouca proteína (carnes magras, preferindo frango ou peixe, feijão, soja, ervilha, lentilha, leite e derivados) e muito pouca gordura (óleo de soja, azeite, azeitona, creme de leite, maionese etc)”. As pequenas refeições (lanches) devem ser realizadas entre duas e uma hora antes do treino ou jogo. “Esse lanche deve ser rico em carbohidratos (com pães, biscoitos, barras de cereal, frutas, sucos, bolo, etc), com muito pouco de proteína (requeijão, queijos, frios, carnes, etc) e sem gordura” (ver box 2).
As recomendações são importantes, pois favorecem o bom desempenho do futebolista, mas, evidentemente, não garantem o sucesso no resultado. O aspecto psicológico também deve ser considerado.


Links de outros estudos:
http://www.terra.com.br/istoegente/356/saude/index.htm

Neste vídeo podes ver alguns dados interessantes sobre como se comporta o corpo dos jogadores de futebol durante um jogo. Nos anos 70, vários especialistas começaram a estudar o futebol de forma a jogar melhor e com o avanço da tecnologia esse processo evoluiu bastante. Hoje em dia, o sistema de câmaras é capaz de mapear as ações dos 22 jogadores no relvado


Um video comercial da Nike onde a mostra a perfeita noção de visão de um jogador de futebol






Luís Filipe Araújo David - 1312














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